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Luziania Desvairada

25/05/2010 02:53


Luziânia, a 70 quilômetros de Brasília, onde ele nasceu em 4 de agosto de 1937, terceira maior cidade de Goiás (depois de Goiânia e Anápolis), é a segunda mais antiga, vinda do Império.

Desde a proclamação da República e a Constituinte de 1891, o Grupo de Santa Luzia, da cidade, manteve sempre acesa a luta para construção da capital no Planalto Central. Roriz cresceu ouvindo falar nisso. O pai, Lucena Roriz, era comerciante e líder político. Quando começaram as obras da capital, no fim de 56, os Roriz trabalharam nela, transportando e fornecendo material de construção.

Roriz

Roriz casou-se com Weslian Pelles, filha de um libanês, dono da fazenda desapropriada onde é hoje o Plano Piloto. Fiscal de renda do estado, formado em Ciências Econômicas em Goiânia, fazendeiro, em 68 vereador em Luziânia, pelo MDB. Em 78, deputado estadual, o mais votado.

Em 80, os irmãos Santillo, de Anápolis (Henrique, senador, e Ademar, deputado), romperam com o PMDB, porque Íris Rezende, anistiado, foi lançado candidato a governador para 82. Henrique queria ser candidato. Os Santillo saíram do PMDB com um grupo de deputados e fundaram o PT. Com eles, Joaquim Roriz. Ficaram quase um ano no PT. Mais tarde, voltaram todos ao PMDB. Com eles, Roriz. Íris se elegeu governador, Ademar Santillo, federal, e Roriz também.

Tetra

Em 86, Roriz foi eleito vice-governador de Goiás, com Henrique Santillo. Em 87, crise na Prefeitura de Goiânia, a Câmara dos Vereadores afastou o prefeito, o governador Santillo nomeou Roriz prefeito.

Em 88, o governador José Aparecido ia deixar o governo de Brasília para assumir o Ministério da Cultura. Sarney, vizinho dos Roriz no sítio do Pericumã, em Luziânia, convidou o vice-governador e prefeito de Goiânia.

Em 90, Fernando Collor nomeou Roriz ministro da Agricultura. Roriz passa o governo para o vice, Wanderley Valim. Quinze dias depois, decide disputar o governo de Brasília. Deixa o ministério e ganha no primeiro turno. Depois, elege-se mais duas vezes.

Quatro vezes governador: uma, nomeado; três, eleito.

Ibope

Cinco da tarde de 25 de outubro de 1988. Na sala ampla da casa avarandada, com cara de casa de fazenda, em Brasília, Joaquim Roriz e amigos e coordenadores da campanha estão de olho na TV Globo, esperando a pesquisa de boca-de-urna do Ibope. Um tiro no peito.

O Ibope diz que Cristóvam Buarque vencerá por 52 a 48. E Carlos Montenegro, ao vivo, desafia: "Cristóvam está eleito e se o Ibope errar, passará duas eleições sem fazer pesquisa em Brasília".

Mudaram para a TV Brasília. O Vox Populi dá Cristóvam com 51 e Roriz com 49. Passaram para a TV Bandeirantes. O Soma, de Brasília, muda o jogo: Roriz 51 e Cristóvam 49. Mas é amigo, talvez esteja errado.

Era preciso esperar os votos. Começaram a pingar. Cristóvam na frente. Seis horas, sete, os votos já despejando. Mais de 60% apurados. E Cristóvam na frente, avançando. Já estava com quatro pontos de diferença, confirmando o Ibope. E o volume dos votos aumentando, acelerando.

Noblat

Fez-se um silêncio de hospital de rico. Ninguém falava. Alguns, discretamente, choravam. Às sete e meia, Roriz jogou a toalha. Levantou-se, olhou os amigos, as lágrimas rolando pelo rosto, saiu andando devagar, empurrou a porta do quarto. Foi chorar sozinho.

Na TV Brasília, o experiente Ricardo Noblat, editor do Correio Braziliense, comandava um noticiário completo, nacional, concentrado em Brasília. Cristóvam ganhando e Noblat preparando o grande final, entre as oito e nove da noite, quando estariam terminadas as apurações da capital.

Convidou Cristóvam e Roriz. Não foram. Não podiam ir, antes do último voto. Chamou Luís Estêvão, o senador eleito, aliado de Roriz. Não foi. Levou Arlete Sampaio, vice-governadora e senadora derrotada do PT, Paulo Octávio, deputado eleito do PFL, aliado de Cristóvam, e o professor Nascimento, presidente do Idéias, instituto de pesquisa do PT.

Cristóvam

Chegaram leves, saltitantes, sorridentes, eufóricos. Os olhos grávidos de votos e de vitória. Na TV, Noblat lia os últimos números dos estados e comandava o debate sobre a vitória de Cristóvam. De repente, recebe um papel. Olha, assusta-se, arregala os olhos, confere, solta a bomba:

- "Virada em Brasília: Roriz passou Cristóvam. Os números finais do Núcleo Bandeirantes e de Ceilândia puseram Roriz na frente. E ainda falta a maioria dos votos de Samambaia, Santa Maria e Recanto das Emas".

Arlete começou a chorar. A baiana de Brasília sabe onde o povo vota.

Penta

Depois do quarto mandato de governador, Roriz elegeu-se senador. Cometeu um penalty com um cheque de Constantino da Gol, renunciou.

Agora, todos juntos contra ele, em chapa "imbatível": Agnelo Queiroz, do PT, baiano de Itapetinga, para o governo. Senado, Rodrigo Rolemberg, do PSB, e Cristóvam Buarque, PDT. Vice, Tadeu Filipelli, PMDB. Pode não dar em nada. Só a Justiça barra Roriz. Se não, será um pentagovernador.