O paquistanês naturalizado americano Faisal Shahzad foi indiciado ontem pela tentativa de explodir um carro-bomba na Times Square no sábado, enquanto vários parentes e amigos dele foram presos no Paquistão (mais informações na pág. 10), por envolvimento no atentado. Shahzad, de 30 anos, foi preso na noite de segunda-feira quando tentava fugir do país, em um voo para Dubai.
O avião da Emirates Airlines já estava taxiando na pista quando a polícia exigiu que voltasse e retirou o paquistanês e outros dois passageiros do voo. Segundo autoridades americanas, Shahzad admitiu a autoria do atentado e também disse ter recebido treinamento em campos de terroristas no Waziristão, no Paquistão, onde aprendeu a fazer bombas como a encontrada na Nissan Pathfinder 1993 estacionada na Times Square. No interrogatório, ele disse à polícia que agiu sozinho, mas os investigadores estão céticos e investigam sua viagem recente ao Paquistão, onde ele permaneceu vários meses.
Shahzad é acusado de ato de terrorismo internacional, tentativa de uso de arma de destruição em massa e outras acusações relacionadas. Se considerado culpado, ele pode ser sentenciado à prisão perpétua.
O presidente Barack Obama afirmou que o FBI está investigando possíveis ligações de Shahzad com organizações terroristas. O secretário de Justiça, Eric Holder, caracterizou o atentado como "uma conspiração terrorista com objetivo de assassinar americanos".
O paquistanês comprou a Pathfinder usada no atentado há uma semana, por US$ 1.300, na internet. O FBI usou o número de inscrição do chassi do veículo para encontrar o vendedor da Pathfinder. Os policiais usaram um retrato falado de Shahzad, feito com base em informações do vendedor. Com isso, chegaram a uma série de fotos de suspeitos, e um foi identificado pelo vendedor. Eles também obtiveram o número de celular pré-pago usado por Shahzad e rastrearam uma série de ligações feitas para o Paquistão. Por último, o FBI rastreou o e-mail dado por Shahzad ao vendedor do carro.
Assim que ouviu no noticiário que a polícia americana estava atrás de um paquistanês com cidadania americana envolvido no atentado, Shahzad comprou a passagem para Dubai, paga à vista. Ele foi dirigindo seu Isuzu Trooper branco até o aeroporto John F. Kennedy em Nova York, na noite de segunda-feira. Dentro do carro, que ficou no estacionamento do aeroporto, policiais acharam uma pistola 9 mm e vários pentes de munição.
"Ainda é cedo para dizer, mas eu ficaria muito surpreso se esse atentado fosse obra de um indivíduo independente", disse ao Estado Brian Katulis, especialista em Segurança Nacional no Center for American Progress. Segundo ele, esse é apenas mais um dos recentes atentados contra os EUA originários do Paquistão e citou a tentativa do afegão Najibullah Zazi de atacar o metrô de Nova York, em 2009.
A bomba que estava na Pathfinder era "amadora" e não explodiu completamente. Se tivesse explodido, centenas de pedestres poderiam ter morrido, na estimativa das autoridades. De acordo com o chefe da polícia de Nova York, Ray Kelly, essa foi a 11.ª tentativa de ataque terrorista desde os atentados de 11 de setembro de 2001. O Taleban assumiu a responsabilidade pelo atentado, mas, como o grupo já mentiu sobre a autoria de outros atentados, a polícia ainda não confirmou a ação.
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